TRAJANO MARGARIDA

( Santa Catarina – Brasil )

Trajano Margarida (Desterro, atual Florianópolis, 16 de janeiro de 1889, — Florianópolis, 14 de fevereiro de 1946) foi um poeta e músico brasileiro.

 Escrevia sonetos, letras de músicas e marchinhas e foi um dos grandes promotores do carnaval de Florianópolis nos anos 1920 e 1930. Cantava e tocava violão, tornando-se muito famoso nos circuitos boêmios.[1] Junto a dezenas de outros homens negros de Florianópolis, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, em 1920, associação que lutava por cidadania e contra a discriminação racial, da qual foi presidente duas vezes.

No fim dos anos 1910, começou a lecionar, trabalhando em Florianópolis, Itajaí e Brusque. Em 1914, unido à Ildefonso Juvenal e Agrícola Guimarães, organizou uma celebrada atividade cívico-literária em Florianópolis para marcar os 26 anos da Abolição da Escravidão no Teatro Álvaro de Carvalho.

Em 1929, foi promovido a primeiro oficial da Diretoria de Interior e Justiça.

Fragmento de biografia extraído de https://pt.wikipedia.org/

VENTOS DO SUL.  Revista do Grupo de Poetas Livres.  Ano IX – no. 28. JANEIRO A JUNHO,  2007.   Florianópolis, SC: 2004. 
                                                                       Ex. bibl. Antonio Miranda

DESILUSÃO

Fumando o meu cigarro e contemplando a lua.
Longo tempo pensei na hora da desdita.
Em que de mim te foste, em que deixaste nua
De todo o teu amor, esta minha alma aflita

Cheguei mesmo a chorar, por esta ausência crua,
Que faz a minha dor saudade indefinita.
Nunca visto eu tivesse a linda imagem tua,
Visto que não me deixa e o meu sofrer excita.

E anate o que hoje sinto, e tanto me definha,
Contrito, peço a Deus — Senhor!.. dai-me esse dia
Que eu possa tê-la, enfim, bem junto de mim, só minha!

Neste instante a fumaça, em curvas desiguais,
Desenhou com desdém, num gesto de ironia,
Estas frase cruéis: — É tarde!... Nunca mais!...

(In: Revista Atualidades, n. 3, 1946 – Acervo IHGSC)

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Página publicada em abril de 2022